A China e o Mundo

12 jan 19

A nova era da sabedoria e do método do socialismo chinês

 

Presidente chinês Xi Jinping.

No 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh), que se realizou em outubro de 2017, o Presidente Xi Jinping anunciou um “socialismo com características chinesas para uma nova era”. Este conceito foi inserido na Constituição do país após aprovação da primeira sessão da 13ª Assembleia Nacional Popular, realizada em março de 2018. A expressão abrange um conjunto de ideias orientadoras para a governança da China.

Falar em uma “nova era” pressupõe o fim de outra. Entretanto, qual era se finda? Aquela iniciada por Deng Xiaoping com a política de reforma e abertura? Ou aquela iniciada por Mao Zedong com a fundação da República Popular da China? Ou poderíamos dizer que a “antiga era” compreende um espaço de tempo mais amplo que tem o seu início com as invasões estrangeiras durante o período da dinastia Qing no século XIX e que fizeram a China perder o posto de maior economia do mundo?

Sob o ponto de vista de um observador estrangeiro, eu gostaria de sublinhar quatro aspectos que me parecem ser “pontos de referência” importantes no contexto dos discursos proferidos por Xi Jinping que podem nos ajudar a entender o significado e a relevância desta nova era do socialismo chinês.

04 out 18

China e a OMC frente ao protecionismo

A guerra comercial iniciada pelos EUA contra a China é o primeiro capítulo de um embate entre as duas potências que se estenderá para outros domínios. Quando esta chamada “guerra comercial” estourou, dei esta entrevista para a China Today e que está disponível clicando aqui.

02 out 18

“Cinturão e Rota” na América Latina

Recentemente foi lançado, na China, a obra “一带一路和拉丁美洲新机遇与新挑战” (Cinturão e Rota e América Latina, novas oportunidades e novos desafios), organizado pelo amigo Guo Cunhai. Neste livro, escrevi um artigo em conjunto com a profa. Rubia Wegner intitulado “丝绸之路穿越大西洋及其对巴西的影响” (Cinturão e Rota alcança o Atlântico e seu impacto sobre o Brasil).

Em 2013 a Iniciativa Cinturão e Rota foi lançada pelo Presidente Xi Jinping. Eu estava iniciando meu primeiro ano (de três) morando na China. E no Brasil este era um assunto desconhecido. E assim permaneceu praticamente até meu retorno ao Brasil. Hoje em dia, o tema “Cinturão e Rota” já começa a ganhar as páginas de jornais e revistas impressas e online brasileiras.

Este artigo está sendo atualizado para uma verão em português que esperamos publicar em breve.

 

20 set 18

Guerra comercial dos EUA contra a China

Volto a escrever para o meu blog depois de um longo tempo de silêncio aqui, mas não fora daqui. Tenho me ocupado de inúmeros projetos e atividades desde que retornei ao Brasil depois da temporada chinesa de três anos. Retomo com este link para uma entrevista que dei para a CBN no dia 18 de setembro de 2018 sobre a “guerra comercial entre EUA e China”. Esta é a expressão mais comum para designar um conflito comercial inédito entre as duas maiores economias. Mas um conflito levado a efeito pelos EUA. Assim, prefiro a forma do título que dei a este post pois evidencia o fato central: a guerra foi iniciada pelo governo Trump. A China está na posição de quem exerce, por assim dizer, a sua legítima defesa. E no plano do comércio internacional, a legítima defesa é a retaliação comercial. Para saber um pouco mais da minha opinião sobre o tema, sugiro ouvir a entrevista na CBN clicando aqui. Abraços!

20 out 17

O 19º Congresso Nacional do PCCh e a virada histórica da China

Assembleia Popular Nacional da China

O 19o Congresso do PCCh dará início a um novo ciclo político que será marcado pela celebração dos 100 anos de fundação do Partido, em 2021. Junto com esta data festiva e histórica vem a promessa de se alcançar a primeira meta centenária estabelecida pelo governo de Xi Jinping: a de fazer da China uma “sociedade moderadamente próspera” que garanta a manutenção básica de todos os cidadãos – tanto dos que vivem nas cidades quanto daqueles que habitam as zonas rurais. Além disso, tem-se como um dos objetivos a duplicação do PIB per capita dos chineses tendo em conta as cifras registradas em 2010. Em se tratando de um país com mais de 1.3 bilhão de pessoas, trata-se de uma meta audaciosa. Apesar das incertezas da economia mundial e dos desafios econômicos no plano doméstico, não há motivos para duvidar que a China reúne as condições para alcançar estes objetivos.

21 mar 17

A troca de papeis no palco mundial

Xi-Trump2

O ano de 2017 iniciou-se com dois fatos que chamaram a atenção do mundo. De um lado, a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, que, em seu discurso, explicitou o abandono do compromisso dos EUA com uma ordem internacional baseada no multilateralismo e na cooperação de ganhos mútuos. “Deste dia em diante, vai ser só a América primeiro, a América em primeiro lugar”. E complementou: “Devemos proteger nossas fronteiras das devastações dos outros países fazendo nossos produtos, roubando nossas empresas e destruindo nossos empregos. A proteção vai levar à grande prosperidade e força”. Por fim, proclamou: “Vamos seguir duas regras simples: comprar produtos americanos e contratar americanos”. Com este discurso, Trump rompe com a tradição americana de defesa da globalização econômica e do livre comércio, prenuncia uma política externa protecionista e põe em xeque a utilidade das organizações internacionais. A mensagem é simples: cada um por si a partir de agora.

De outro lado, por ocasião do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o presidente da China, Xi Jinping, pede por mais abertura e menos protecionismo, ressaltando que “muitos dos problemas que preocupam o mundo não são causados pela globalização econômica”. Xi lembra que a crise dos refugiados do Oriente Médio e do Norte da África é causada pelas guerras e conflitos regionais, e a crise financeira internacional é consequência da falha da regulamentação do sistema financeiro. “Apenas culpar a globalização econômica pelos problemas do mundo é inconsistente com a realidade, e não ajudará a resolver os problemas”, disse, acertadamente, o presidente chinês. Xi foi ainda mais enfático ao afirmar que se deve “dizer não ao protecionismo” e finalizou seu raciocínio com uma metáfora adequada para o contexto que vivemos: “Enquanto o vento e a chuva podem ser mantidos fora, esse quarto escuro também irá bloquear a luz e o ar. Ninguém emergirá como vencedor em uma guerra comercial.” Em outras palavras, o protecionismo não gera prosperidade e não prevenirá as nações das turbulências econômicas e dos problemas sociais.

Interessante notar que China e EUA estão com posições discursivas diametralmente opostas.

13 mar 17

Entrevistas para a mídia chinesa

DuasSessões2017Neste mês de março ocorreu o evento político anual mais importante do calendário da China conhecido como “Duas Sessões” (两会). Trata-se da 12a sessão da Assembleia Popular Nacional (APN) e a 12a sessão da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). Tenho dado diversas entrevistas para a mídia chinesa opinando sobre diversos temas que foram debatidos nestas Duas Sessões. Divulgarei os links aqui no blog para aqueles interessados em aproveitar a ocasião para não apenas se informar da vida política chinesa, mas também estudar, por meio das notícias, o idioma chinês.

1) Rádio China Internacional – publicada no dia 2 de março de 2017.

Título da matéria: “2017“两会”:巴西学者认为本届中国政府在多个领域取得突出成就。” Link: http://bit.ly/2mnG7q4

2) XinhuaNet – publicada no dia 10 de março de 2017.

Título da matéria: 制定民法总则迈出中国依法治国坚实一步 . Link: http://bit.ly/2myrsaM

3) XinhuaNews – publicada no dia 12 de março de 2017

Título da matéria: 中国反腐利剑护航发展引海外热议。Link: http://bit.ly/2lRonUm

Em todas estas matérias há opiniões minhas em especial sobre o tema da promoção do Estado de Direito na China e as medidas de combate à corrupção adotadas pelo Presidente Xi Jinping. 

30 out 16

ENTREVISTA: China es un ejemplo de modelo de gobernabilidad, afirma experto brasileño

ANP.China

RIO DE JANEIRO, 28 oct (Xinhua) — China es un ejemplo de sistema de gobernabilidad que debería ser comprendido mejor, según el profesor brasileño de Derecho Internacional de la Universidad Federal Fluminense (UFF) Evandro Menezes de Carvalho.

Uno de los mayores méritos del Partido Comunista de China (PCCh), dijo, es “haber establecido un sistema de gobernabilidad que, resultado del proceso político de la primera mitad del siglo XX, supo también adecuarse y sacar el mejor provecho de aquello que es fundamentalmente característico del pueblo y de la cultura chinos”.

“Occidente entiende muy poco, y parece que no tiene disposición para querer entender, cómo funciona la sociedad china y cuál es el papel y la importancia del PCCh en la historia de China”, aseveró el también profesor del centro de estudios económicos Fundación Getulio Vargas (FGV) .

Subrayó que, para establecer un diálogo sobre el modelo de gobernabilidad chino, es necesario deshacerse de los prejuicios en relación a lo que es visto como “diferente” y también “dejar a un lado la herencia de la ‘mentalidad de la guerra fría’, que rechazaba todo lo que se asociaba al comunismo”.

“El socialismo con características chinas es una elección histórica de China arraigada en su cultura y en su realidad. La democracia china es una democracia popular bajo el liderazgo del PCCh. Una democracia con centralismo democrático como principio organizativo básico y modo de operación”, afirmó.

“En otras palabras -continuó-, es una democracia consultiva institucionalizada que tiene una preocupación en estar presente en el nivel de las comunidades”.

12 out 16

O Brasil pós-PT e o futuro da relação com a China

Imagem.Temer&XiJiping

A estreia internacional do Presidente Michel Temer deu-se em setembro passado na reunião do G20, em Hangzhou, na China. Na ocasião, ele estava mais empenhado em ser reconhecido pelos seus pares do que preocupado em levar uma nova proposta de agenda da política externa brasileira para o mundo. A longa crise política e econômica que o Brasil se viu mergulhado nos últimos dois anos, e que culminou no afastamento de Dilma Rousseff, colocou o país em ponto morto. A retomada do desenvolvimento e a velocidade com que o Brasil conseguirá sair desta crise dependerá da capacidade do governo atual de colocar o “trem nos trilhos”.

O mundo observou atentamente o que aconteceu no Brasil. Mudanças de governo geram expectativas nos demais países que esperam preservar ou incrementar as suas relações comerciais e os investimentos feitos no país em questão. Mas mudanças de governo em contextos mais controversos geram uma incerteza ainda maior. Temer tem pouco mais de dois anos para concluir o seu mandato e parece ter poucas condições para deixar uma marca pessoal na política externa brasileira. Não há capital político suficiente para ir além do básico, muito embora, às vezes, o básico torne-se o essencial. O que comanda a sua política externa é a urgência da superação da crise econômica. Por este motivo, a diplomacia brasileira tende a atuar no “modo automático”, sem iniciativas ousadas e sem uma diplomacia presidencial que tanto marcou os anos FHC e Lula.

Foruns como o BRICS e o G20 só farão sentido para o governo na medida em que sejam úteis para a melhoria da economia brasileira. Temas polêmicos que possam gerar custos políticos para o Brasil não farão parte da sua agenda. No que diz respeito aos BRICS, por exemplo, o foco será dado no Novo Banco de Desenvolvimento e não haverá disposição para aproximação de posições políticas comuns em outros foruns internacionais. Neste sentido, a diplomacia brasileira tende a convergir com as opiniões e decisões tomadas pelos países desenvolvidos do Ocidente.

O atual Ministro das Relações Exteriores, José Serra, tem longa trajetória na política brasileira e tudo indica que exercerá a função de chanceler com um olho voltado nos acontecimentos políticos internos. Tido como um dos candidatos para a eleição presidencial de 2018, o Ministro Serra tem dividido a sua agenda entre encontros com políticos e autoridades brasileiros e os compromissos com embaixadores, diplomatas e demais atores dedicados às questões internacionais.

Isto significará um arrefecimento na relação sino-brasileira? 

12 out 16

Os 95 anos do Partido Comunista da China

Imagem.95AnosPCCh

Em 1o de julho deste ano celebrou-se o 95o aniversário do Partido Comunista da China (PCCh). Trata-se do maior partido governante do mundo com mais de 88 milhões de membros e 4.4 milhões de organizações. É um número notável quando se sabe que o partido foi fundado por pouco mais de 50 membros em 1921. Para além destes números extraordinários, a história do PCCh e de seus líderes é também uma digna epopeia. Um dos seus momentos principais é o da fundação da República Popular da China, em 1949. Governando o país há 67 anos, o PCCh transformou a China de uma sociedade rural e economicamente atrasada para uma sociedade moderna, majoritariamente urbana, científica e tecnologicamente desenvolvida, que retirou 600 milhões de pessoas da pobreza nos últimos anos e que se transformou na segunda maior economia do mundo.

Daqui a cinco anos será celebrado o centenário do PCCh e, até lá, a meta é fazer com que a China torne-se uma sociedade moderadamente próspera. Sabemos que o gigante asiático entra numa fase de seu desenvolvimento econômico que tem sido chamado de “nova normalidade”, caracterizado por um crescimento mais lento e uma necessária restruturação de sua economia. O fato é que aquela meta depende da qualidade da governança exercida pelo PCCh. Para isto, o Partido tem tomado medidas importantes. Destaco, aqui, duas delas: